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Em Nome do Pai e do Filho

por cincodiasuteis, em 05.08.14

Quando eu era pequeno e perdia alguma coisa em casa, a minha mãe dizia sempre para eu procurar que havia de encontrar, pois o chão não tinha buracos. O chão não, mas, aparentemente, o BES não pode dizer o mesmo.

 

Eu acho muita piada à forma como se lida com estas situações dos bancos. O dinheiro desaparece. É dado como perdido e injecta-se mais dinheiro lá para dentro. Seria mais ou menos o mesmo do que dar uma criança nova aos pais que perdem um filho. Algo como:

“- Esqueçam lá o vosso filho. Têm aqui este para substituir. Tem os olhos azuis e tudo como o outro”.

 

Nesta situação do BES, eu acho de extremo mau gosto começar a escavar o assunto na altura do Verão. A PJ podia ter esperado mais uns meses e não estragava o esquema ao Benfica. Lá para Outubro o mercado de transferências já tinha fechado e o Benfica já tinha contratado jogadores com dinheiro de investidores do banco. Onde é que já se viu? Um serviço público a funcionar no Verão? Esta gente é maluca.

 

Ricardo Salgado esteve preso durante umas horas e acabou por sair depois de pagar uma caução de 3 milhões de euros. Não estranho que ele tenha sido o primeiro (vamos ver se único). É perfeitamente natural que os salgados sejam a entrada. No meu caso, apreciador de croquetes e chamuças, até incentivo a que assim seja. Se conseguirem, prendam também a Ana Bacalhau dos Deolinda (mesmo sem ter nada a ver com o assunto) e façam pastéis.

 

Se calhar, a solução para evitar que problemas destes se voltem a repetir é construir uma caixa-forte como a do Tio Patinhas. Ou então coloca-se um chip nas notas todas como se faz às tartarugas que são devolvidas ao mar. Depois é só atar as mãos de toda a gente que usa fato e gravata em Portugal.

 

A única coisa que eu espero é que tenha encontrado a solução e não seja o mexilhão a sofrer as consequências de toda esta salgalhada (nunca melhor dito). Deus queira. Em nome do pai e do filho. Apenas.

 

Nota: Esta é a primeira crónica sobre o BES que não faz qualquer referência ao Cristiano Ronaldo ou à Dona Inércia.

 

Francisco Mendes

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