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O Jogo da Cadeira

por cincodiasuteis, em 29.09.14

António José Seguro demitiu-se, após a derrota nas Primárias do Partido Socialista. É um momento, de certa forma, triste para mim. A partir de agora, vou ter menos assuntos para escrever e isso deixa-me triste e indignado.

 

A verdade é que toda a campanha eleitoral ficou marcada por alguns escândalos dentro de um partido que se diz democrático. Pior ainda, no entanto, foi a lavagem de roupa suja que aconteceu em público. Os debates entre António José Seguro e António Costa tiveram momentos de nível muito baixo – daqueles muito próximos aos da Casa dos Segredos.

 

Uma coisa é certa: ninguém pode dizer que foi ao engano. Afinal de contas, se as eleições foram eleições Primárias, ninguém podia estar à espera de ver um debate de ideias elevado e maduro. Toda a gente sabe que quem diz é quem o é.

 

 O aviso ficou feito logo naquele episódio que aconteceu num comício em que Seguro interrompeu uma entrevista do (até aqui) autarca de Lisboa e tomou o seu lugar de entrevistado. Agora foi Costa que ficou com a cadeira de Seguro. Devia ser o jogo da cadeira.

 

Há uns tempo ouvi o Pedro Mexia dizer que António Costa era melhor porque sim, uma vez que a maioria das pessoas via nele maior capacidade, mas não o tinha justificado durante a campanha. Eu tenho uma visão ligeiramente diferente. Eu acho que os socialistas pensaram: “Depois de Seguro, António Costa. Porque não?”.

 

Os socialistas referem-se constantemente ao partido como uma família. Depois daquilo a que se assistiu, inclusivamente com confrontos entre defensores de Costa e Seguro (um pouco ao estilo absolutistas contra liberais), até podem ser uma família, mas são uma família bastante disfuncional. Não soubéssemos nós como funciona a política portuguesa e diria que eles nunca mais se falavam, mas algo me diz que amanhã já estão com palmadinhas nas costas novamente.

 

Conclusão de todos estes meses: António Costa tem tudo para ser o primeiro descendente de indianos a tornar-se Primeiro-Ministro em Portugal. No fundo, pode ser o nosso Obama. A bola está do lado dele agora. Vamos ver com que especiarias cozinha Coelho em lume brando.

 

Francisco Mendes

 

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